A crônica “Eu quero uma escola retrógrada” de Rubem Alves vem carregada de impacto e verdades, a começar pelo próprio título.
Ao ver uma pessoa sozinha andando pelo sentido contrário de uma multidão, logo se percebe que há algo de errado, ou na multidão ou em quem estiver só. Basta ter olhos para ver. E como o psicopedagogo dever ter um olhar e uma escuta bastante desenvolvida, ele logo observará o que acontece ao seu redor, no caso, na escola.
Ainda há muitas escolas que insistem e fazer com que seus alunos pintem uma flor de vermelho e o caule de verde. Escola essa que ainda segue o “modelo de montagem” que torna seus alunos sem voz, sem olhos, sem pensamentos e sem atitudes, tolhendo-lhes qualquer oportunidade de desenvolvimento. Apenas lêem, decoram e devolvem o que leram nas provas e pronto, passam de ano, é o suficiente.
E como se isso ainda não bastasse esta escola ainda passa a excluir totalmente qualquer pessoa que possa apresentar algum tipo de particularidade, de diferença, ou algum problema ou deficiência, sem se quer dar a oportunidade desse sujeito interagir num novo meio escolar.
Realmente, Rubem Alves com sua sabedoria foi perfeito ao fazer esta comparação entre a educação e uma fábrica, onde ambas trabalhariam supostamente com “linha de montagem” como método e/ou proposta de trabalho.
E ao falar: Eu quero uma escola retrógrada, ele se refere a uma escola igual como eram as fábricas antes das produções “em linha de montagem”, ou seja, antes deste tempo o que havia? Como era? Antes deste tempo, haviam artesões, empenhados num processo de produção de peças únicas. Onde cada um era responsável por si e pela sua obra, que ao contrário das flores vermelhas com caules verdes, tinha inevitavelmente uma cor própria, um tamanho característico, uma espessura tal, com aroma, sem aroma. Em fim, cada obra era a “cara” de quem a produzia. Era o espelho de seu artesão.
Querer uma escola retrógrada implica em resgatar estes artesãos, que possam expressar seus pensamentos e sentimentos. E implica também em convocar professores que sejam mediadores entre autor e obra. Incluindo a todos os que chegarem até a escola, adaptando-se as necessidades.
Esta proposta certamente resultará em seres realizados, felizes consigo mesmo e com uma boa convivência com o outro. Nós profissionais, psicopedagogos, temos essa chance de semear, regar, e fazer germinar esta proposta.
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